Em dezembro de 2023, a conferência das Nações Unidas sobre mudança climática (COP28) em Dubai convocou todos os países a apresentarem planos ambiciosos, abrangendo toda a economia, para possibilitar uma redução global de 43% nas emissões de gases de efeito estufa até 2030, em comparação com 2019.
Neste cenário, os desafios atuais envolvem mudanças significativas, principalmente em nossos sistemas de energia – passando de combustíveis fósseis para energias renováveis – mas também nos setores de transporte e construção.
Impacto nos empregos
Essa transição já está impactando enormemente os empregos. Segundo o Relatório Global de Habilidades Verdes do LinkedIn de 2023, os requisitos médios de emprego incluem 24% mais habilidades verdes do que em 2015, e as postagens para empregos verdes crescem duas vezes mais rápido do que o talento verde. Em suma, os empregadores carecem de trabalhadores com as habilidades certas para a transição verde.
Dessa forma, a transição verde representa uma oportunidade para as empresas de recrutamento e seleção intervirem e ajudarem as empresas e os trabalhadores a preencherem as lacunas. Mas o que exatamente é um emprego verde? Como distinguir as habilidades verdes no mercado de trabalho?
Em 13 de dezembro, a Confederação Mundial do Emprego convidou Glenda Quintini, Economista Sênior e Chefe da Equipe de Habilidades da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Adam Hawkins, Chefe de Pesquisa e Seleção para as regiões EMEA e LATAM no LinkedIn, para compartilhar algumas ideias sobre como a revolução verde impacta os mercados de trabalho.
Nenhuma transição verde acontecerá sem as habilidades adequadas
Segundo pesquisas em andamento da OCDE, a transição verde terá um impacto desigual entre setores, regiões e demografias, pois os trabalhadores em ocupações intensivas em emissões de gases de efeito estufa tendem a ser do sexo masculino, mais velhos e residentes em áreas rurais.
A escassez de habilidades e mão de obra parece inevitável. Portanto, são necessárias informações mais detalhadas sobre o mercado de trabalho, mas os países enfrentam dificuldades com a abordagem.
A pesquisa do LinkedIn mostra diferentes ‘tons’ de empregos verdes. Um técnico solar é certamente classificado como um ‘emprego verde’. Mas e um contador que agora deve relatar as emissões de gases de efeito estufa? Isso pode não ser um emprego verde em um setor verde, mas é um trabalho que não pode mais ser realizado sem pelo menos uma habilidade verde.
As pesquisas da OCDE mostram que habilidades de processo, como pensamento crítico, escuta ativa e monitoramento, são as mais exigidas em ocupações relacionadas ao verde. Novos empregos relacionados ao verde também são muito científicos, o que significa que habilidades STEM (científicas, tecnológicas, de engenharia e matemáticas) estarão em demanda.
Da análise para ação
Essas informações, acrescenta Quintini, precisam alimentar políticas relacionadas à educação, aprendizado de adultos e orientação de carreira, políticas industriais e de emprego e migração. Embora uma reforma educacional fundamental seja necessária para se preparar para a transição verde, o treinamento para ‘recolocação’ também será essencial. Neste contexto, parcerias público-privadas poderiam ser uma tendência para treinamentos mais flexíveis em uma abordagem modular.
Os dados do LinkedIn mostram ainda que trabalhadores com habilidades verdes têm taxas de contratação mais altas. O problema é: apenas um em cada oito trabalhadores possui uma ou mais habilidades verdes. Mas eles têm? Adam Hawkins explica que em 81% das transições para empregos verdes, os trabalhadores já possuem habilidades verdes ou experiências anteriores em empregos verdes. Porém eles simplesmente não “categorizam” dessa maneira.
Avançar para a contratação baseada em habilidades, diz ele, ajudaria as pessoas a entenderem melhor quais habilidades têm e as que precisarão. Essa mudança sistêmica nos métodos de recrutamento já está sendo implementada pela indústria de serviços de RH, que vê seu potencial não apenas para a transição verde, mas também para aumentar a diversidade e a inclusão – uma dimensão que também é essencial considerar no debate sobre a revolução verde para garantir uma transição justa e evitar escassez de mão de obra.