Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de Recursos Humanos, Trabalho Temporário e Terceirizado

Notícias

Home > Notícias

Criação de emprego formal desacelera em abril com piora da pandemia

O mercado de trabalho formal diminuiu o ritmo de contratações em abril, período de recrudescimento da pandemia de covid19. Com o esperado avanço da vacinação e a reedição do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm), a expectativa é de ganho de tração no segundo semestre. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou criação no mês passado de 120,9 mil postos de trabalho com carteira assinada, abaixo da estimativa do mercado. “A surpresa negativa concentrou-se na queda de 9,6% nas admissões, na comparação dessazonalizada, ante março, o pior resultado dos últimos 12 meses”, afirma Lucas Assis, da Tendências Consultoria.

O BEm protegeu 2,9 milhões de vagas formais em abril, uma queda de 235,9 mil em relação a março, segundo o Dataprev. Embora o recuo ajude a explicar o saldo menor do Caged, ainda é elevado o número de trabalhadores com garantia temporária de emprego. “Ao longo de 2020, os desligamentos se mantiveram em patamar menor em boa parte por causa do BEm e isso deve se repetir em 2021”, diz Bruno Imaizumi, da LCA Consultores. A consultoria prevê agora a abertura de 1,8 milhão de vagas em 2021, de 1,350 milhão anteriormente. O governo reeditou o BEm no fim de abril, medida que permite redução de salário ou suspensão de contrato por 120 dias, desde que preservados os empregos por igual período. “Só vamos conseguir qual é o impacto da nova metodologia do Caged e do BEm no saldo de empregos quando os efeitos do BEm forem diluídos, possivelmente no fim de 2021”, explica Imaizumi. Desde a mudança de metodologia do Caged, no ano passado, economistas têm alertado que os dados não são mais comparáveis à série antiga e mostram um quadro mais forte do que o previsto no mercado de trabalho, possivelmente por uma subestimação do total de demissões.

Ao comentar os resultados ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que abril foi um mês mais lento porque houve o impacto da segunda onda da covid, com pico de mortes. “Mas ainda assim prossegue forte o mercado de trabalho”, disse. O ministro prometeu para “muito brevemente” o lançamento de dois programas para estimular a contratação de jovens, o Bônus de Inclusão Produtiva (BIP) e do Bônus de Inclusão e Qualificação (BIQ). No BIP o governo pagará R$ 300 por mês para o jovem ser treinado, e as empresas contratantes pagarão outros R$ 300. A expectativa é que os contratos durem um ano. Para os próximos meses, a retomada da economia e a do emprego devem seguir atreladas à evolução da pandemia, mas o impacto agora é mais brando. “As evidências sugerem que, por mais que os riscos epidemiológicos continuem existindo, e tenham sido maiores na segunda onda, a adesão dos indivíduos às medidas restritivas tem diminuído”, afirma o economista da LCA.

Em abril, os serviços puxaram a criação de empregos formais, com adição de 57,6 mil novas vagas, mas a recuperação dentro do setor ainda é desigual. A administração pública liderou com saldo positivo de pouco mais de 37 mil postos de trabalho. O resultado foi puxado pelas atividades de saúde e serviços sociais (+30.259) e educação (+5.214). Na outra ponta dos serviços, porém, houve fechamento de 22.979 vagas formais em atividades de alojamento e alimentação. O dado evidencia que as empresas que dependem de atividade presencial ainda sentiram com intensidade o efeito da pandemia no mês passado. Em março, o mesmo segmento já havia fechado quase 31 mil postos de trabalho. Nos últimos 12 meses, o saldo está negativo em quase 86 mil, na série com ajustes.

VALOR ECONÔMICO

Compartilhe
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
FILIE-SE
Faça parte dessa equipe de vencedores