Valor Econômico –
Enquanto os governos federal e estaduais se dividem sobre a obrigatoriedade ou não da apresentação do passaporte sanitário em eventos sociais e até para estrangeiros, a maioria da população apoia as medidas de segurança sanitária contra a covid-19 quando o tema é o ambiente de trabalho. Pesquisa realizada pela Ipsos para o Fórum Econômico Mundial mostra que 88% dos entrevistados no Brasil apontam que os empregados devem ser obrigados a receber as duas doses da vacina.
Entre os 33 países pesquisados, o Brasil tem o oitavo maior índice de aprovação à medida. China (97%), Cingapura (93%) e Malásia (93%) lideram o ranking de aprovação. No lado oposto estão Hungria (46%), Rússia (52%) e Polônia (59%), com as menores taxas de aprovação. A média global é 78%.
A maioria dos brasileiros também concorda que as empresas devem exigir que as pessoas não vacinadas passem por testes frequentemente (80%) e que os funcionários devem usar máscara em áreas comuns e quando estiverem próximos a outras pessoas (89%). Os dois índices também estão acima das médias globais: 74% e 81%, respectivamente.
A Ipsos perguntou também como as pessoas reagiriam caso fossem obrigadas por seus empregadores a se vacinar ou passar frequentemente por testes. No Brasil, 66% responderam que receberiam o imunizante para manter o trabalho. Esse percentual ficou abaixo da média global, que marca 68%. Dos entrevistados no Brasil, 21% disseram que concordariam em submeter-se à testagem; 5% procurariam uma forma de recusar as duas condições e manter o emprego; 4% pediriam demissão; 5% não souberam responder.
China (85%), Singapura (81%) e Coreia do Sul (78%) registraram os maiores índices de pessoas que aceitariam receber o imunizante contra a covid-19 como condição para manter o trabalho. Rússia (48%), Polônia (49%) e Romênia (52%), os menores.Os romenos lideram entre os que pediriam demissão se fossem obrigados a alguma das duas medidas para manter o emprego (14%), seguida por Hungria (13%) e Estados Unidos (12%). Já a China tem o menor índice (1%).
Para o CEO da Ipsos no Brasil, Marcos Calliari, os resultados do levantamento demonstram tendências regionais. Segundo ele, a pesquisa traz à tona amplas diferenças entre os 33 países pesquisados quanto às atitudes das pessoas diante de exigências sanitárias para o trabalho presencial.
Três em cada quatro brasileiros (75%) disseram que não se sentiriam confortáveis em trabalhar num ambiente onde vacinação e uso de máscara não fossem exigidos. Trata-se do quinto maior índice entre os 33 países ouvidos, atrás de apenas de China (88%), Colômbia (80%), Chile (79%) e Austrália (76%).
Entre os 75% dos entrevistados brasileiros que compartilham do desconforto, 49% afirmaram que, mesmo assim, trabalhariam presencialmente; 18% escolheriam executar suas tarefas em casa; 8% pediriam demissão caso a empresa permitisse que os funcionários pudessem trabalhar sem vacinação, testes e/ou usar máscaras.
Os outros 25% de brasileiros ouvidos disseram que se sentiriam confortáveis em trabalhar presencialmente em um ambiente onde a vacinação contra a covid-19, a testagem e o uso de máscara fossem facultativos. Rússia (61%), Dinamarca (59%), Polônia (59%), Hungria (57%) e Suécia (55%) registraram os maiores índices.
A Ipsos entrevistou 14.401 adultos empregados de 33 países, sendo 1 mil no Brasil. A margem de erro é de 3,5% para mais ou para menos. A pesquisa foi realizada entre os dias 22 de outubro e 5 de novembro, portanto não capta os sentimentos da população diante dos riscos da variante ômicron, descoberta em 11 de novembro.
Além do Brasil, fazem parte da pesquisa Austrália, Canadá, China, Singapura, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Itália, Japão, Espanha, Estados Unidos, Argentina, Bélgica, Chile, Colômbia, Dinamarca, Hungria, Índia, Israel, Malásia, México, Holanda, Peru, Polônia, Romênia, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Suécia, Suíça e Turquia.