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Saúde mental: as consequências de trabalhar em um ambiente inseguro psicologicamente

Em pesquisa com 700 profissionais, quase 70% relataram que não trabalham em um ambiente psicologicamente seguro; entenda os impactos disso no dia a dia

Por Barbara Bigarelli

Medo de errar, percepção de não valorização ou falta de reconhecimento, dificuldade de abordar aspectos problemas e situações difíceis com colegas. Esses comportamentos foram relatados por profissionais que não se sentem psicologicamente seguros em suas empresas ou equipes, mostra uma nova pesquisa. No estudo, que ouviu 719 profissionais, e foi realizado pela Wellz, solução de saúde mental da Gympass 68% dos entrevistados relataram não possuir boa segurança psicológica no trabalho.

Considerando aqueles que se sentem inseguros, 9 em cada 10 profissionais sentem medo de cometer um erro no trabalho e levar a culpa por isso. Além disso, 7 em cada 10 pessoas que não possuem boa segurança psicológica indicam que os integrantes de suas equipes não conseguem abordar problemas e situações difíceis e 8 em cada 10 sentem dificuldades de pedir ajuda a colegas. A sensação de insegurança psicológica também afeta ou é motivada pela percepção de valorização, mostra o estudo: 8 em cada 10 indicam que trabalhando com os membros da sua equipe, suas habilidades e talentos únicos não são valorizados e utilizados.

Segurança psicológica é uma percepção coletiva de um grupo de pessoas, dentro ou fora do ambiente de trabalho, algo que está sendo construído em conjunto e não é individual, descreve Ines Hungerbühler, psicóloga, PhD e líder do time clínico do Wellz.

“Quando existe essa segurança dentro de um grupo ou uma organização, os membros se sentem seguros para interagir, se expressar, fazer perguntas, levantar problemas e dificuldades, trazer novas ideias, reportar um erro, ou sugerir novas soluções. Além disso, as pessoas se sentem parte desse ambiente, valorizadas, apoiadas e respeitadas do jeito como elas são. Tudo isso é fundamental para uma empresa ter engajamento das pessoas”, afirma Hungerbühler.

Na reflexão de Hungerbühler, existem culturas organizacionais que facilitam a criação de espaços psicologicamente seguros, mas o papel central para isso ocorrer está com a liderança. “Se o líder de uma equipe nunca pede ajuda, não compartilha dúvidas ou inseguranças e parece que nunca erra, muito provavelmente os membros da equipe não se sentem à vontade para fazer isso. Ou, se existe um microgerenciamento, onde o controle é mais valorizado do que a autonomia e a confiança, possivelmente as pessoas não se sentem seguras para arriscar, questionar o status quo e inovar”, diz.

A dificuldade de criar esse ambiente psicologicamente seguro também aparece à luz da implementação dos novos modelos de trabalho. Para Hungerbühler, em um ambiente de trabalho híbrido, por exemplo, existem desafios para gerar essa sensação de segurança. “As equipes híbridas não têm esse contato direto umas com as outras, que as equipes presenciais têm. Sem tanta interação e comunicação no dia-a-dia, oportunidade de calibração e conforto relacional, a segurança psicológica pode ser mais difícil de construir”. Nesse sentido, é preciso fomentar reuniões onde não se foque apenas nas tarefas e trabalho a ser realizado, como também no estímulo a momentos sociais e bate-papos informais entre times e equipes. “Criar essa conexão humana e fortalecer o sentimento de pertencimento é um fator fundamental para a saúde mental dos funcionários”.

https://valor.globo.com/carreira/noticia/2022/10/17/saude-mental-as-consequencias-de-trabalhar-em-um-ambiente-inseguro-psicologicamente.ghtml

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